Saba no mundo da imaginação

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Saba no mundo da imaginação

A imaginação é mais importante que o conhecimento.
Albert Einstein

Saba era uma onça pintada que não sabia de quase nada. Todos
sorriam dela. E diziam “Saba não sabe de nada.” Mas Saba nem
ligava para o que diziam dela, porque no seu mundo tudo podia
ser, tudo podia acontecer, tudo podia criar, nada era impossível.
Saba vivia no mundo da imaginação.
Às vezes quando estava na escola Saba divagava no seu mundo da
imaginação e esquecia de prestar atenção ao que a professora
dizia. Nas provas tirava zero. Era a mais tola da sala.
Saba voltava para casa nem triste nem feliz, apenas olhando as
nuvens se transformarem em elefantes, balões, cadeiras, navios e
bonecas.
Quando chegava em casa Saba não tinha o que comer, mas
imaginava um prato cheio de carne. E a sua fome matava.
Se o dia era de chuva e Saba não podia sair para ver o sol não
tinha problema, porque na sua imaginação o sol estava brilhando
no céu. E os dias eram sempre ensolarados e bonitos.
Os amigos de Saba diziam que ela vivia no mundo da lua. As
coisas que ela pensava eram coisas da sua imaginação. Era melhor
pensar nas coisas reais. Aprender as coisas ou nunca teria uma
vida melhor.
Mas o que os amigos de Saba não sabiam era que a vida não
podia ser melhor do que a dela. Tinha de tudo no seu mundo da
imaginação: um palácio, um cavalo voador, um jardim florido,
uma máquina de destruir tristezas, um circo, bailarinas e uma
fábrica de felicidade.
Um dia aconteceu que Saba começou a perder as suas pintas.
Deixou de ser onça pintada para ser peixe.
Olhava para o seu corpo no espelho e via escamas de peixe e
barbatana de tubarão. Só podia ser coisa da sua imaginação.
Numa bacia de plástico pensou ser o mar e nela mergulhou:
tibum! Meteu a cabeça no chão! Sorriu da sua imaginação.
Aos poucos as pintas foram reaparecendo e Saba voltou a ser a
onça pintada de antes. Porém mais imaginativa. Agora era cantora
de ópera famosa. Cantava nos melhores locais do mundo. E
cobrava caro por um show. Tinha até motorista e carro de luxo.
A bicharada resolveu contribuir pra o mundo da imaginação de
Saba, e arranjaram um hipopótamo para dirigir um carro-de-mão.
Pois não é que Saba acreditou que tudo era de verdade? E se foi
com o seu motorista para grande espetáculo.
A bicharada aguardava o show de Saba. Todos foram. Não faltou
ninguém, nem mesmo a formiga. Mas quando Saba abriu a boca
saiu aquele vozeirão de onça pintada que assusta todo o mundo e
todos correram.
Apesar de tudo, Saba no seu mundo da imaginação criava coisas e
quando dizia que inventou uma máquina de fazer flor, saía ao
menos uma máquina de estampar tecidos; quando dizia que
inventou uma máquina para fazer cogumelos, saía ao menos uma
máquina para fazer sabão. Nem tudo estava perdido no mundo da
imaginação. Os outros amigos apenas colocavam em prática os
seus conhecimentos e pouco inventavam, muitos imitavam as
suas ideias. Faziam o que nos livros estava escrito e nada mais,
pois lhes faltava a arte de criar.
Só na sua imaginação Saba era feliz, pois os outros animais só
queriam saber o que era poluição e nem imaginavam como
poderia ser o mundo com uma máquina despoluidora. Mas ela
imaginava.
Imaginando Saba um dia salvou o mundo. Inventou uma máquina
de fazer paz e mandou para onde estava iniciando uma guerra
mundial. Despachou a tal máquina nos Correios com o nome de
F-R-Á-G-I-L. Quando o presidente recebeu ficou comovido com
aquela geringonça que se chamava máquina da paz e chorou um
bocado. Acreditem ou não Saba impediu uma guerra mundial com
a sua invenção.

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